ELE TEM QUATRO HORIZONTES

E um programa, um compromisso público e um plano estratégico para chegarmos à BH sustentável
Hiram Firmino – Hiram@revistaecologico.com.br

Edição 36 - Publicado em: 30/11/-0001

O pon­ta­pé foi o "BH Me­tas e Re­sul­ta­dos". Um pro­gra­ma e um com­pro­mis­so, co­mo o no­me diz, de ações e ob­je­ti­vos pos­sí­veis de se­rem al­can­ça­dos den­tro de um no­vo mo­de­lo de ges­tão pú­bli­ca pa­ra a ca­pi­tal mi­nei­ra. Lan­ça­do no iní­cio de sua ad­mi­nis­tra­ção, o pla­ne­ja­men­to do pre­fei­to Mar­cio La­cer­da foi mais di­re­to e em­pre­sa­rial, al­go iné­di­to na his­tó­ria po­lí­ti­ca dos be­lo-ho­ri­zon­ti­nos, acos­tu­ma­dos com ad­mi­nis­tra­ções per­so­na­lis­tas e sem con­ti­nui­da­de. "Tra­ta-se de um pla­ne­ja­men­to es­tra­té­gi­co vol­ta­do pa­ra a Be­lo Ho­ri­zon­te que que­re­mos até 2030. Is­so não é ta­re­fa fá­cil e exi­ge o com­pro­me­ti­men­to de to­dos: do go­ver­no, da so­cie­da­de or­ga­ni­za­da e da po­pu­la­ção", con­cla­mou La­cer­da.

De­lí­rio de um go­ver­nan­te que apa­re­ceu de re­pen­te e foi elei­to de ma­nei­ra sur­preen­den­te, fru­to de uma alian­ça po­lí­ti­co-par­ti­dá­ria tam­bém im­pen­sá­vel? Não pa­ra o ad­mi­nis­tra­dor que de­ci­diu en­ca­rar o de­sa­fio de fren­te. "Pa­ra ca­da uma das 12 áreas de re­sul­ta­dos, con­si­de­ra­das es­tra­té­gi­cas pa­ra o de­sen­vol­vi­men­to da nos­sa ca­pi­tal, nós de­fi­ni­mos 40 pro­je­tos sus­ten­ta­do­res. São ações prio­ri­tá­rias, que vão mo­bi­li­zar re­cur­sos fi­nan­cei­ros e hu­ma­nos pa­ra que pos­sa­mos al­can­çar as trans­for­ma­ções que Be­lo Ho­ri­zon­te de­se­ja e pre­ci­sa", as­se­gu­rou.

O pre­fei­to foi além. "O que es­ta­mos pro­mo­ven­do é uma no­va ma­nei­ra de se re­la­cio­nar com a po­pu­la­ção, com­par­ti­lhan­do de­ci­sões e con­quis­tas al­can­ça­das, ofe­re­cen­do a ca­da ci­da­dão o di­rei­to de acom­pa­nhar tu­do o que é fei­to por es­ta ad­mi­nis­tra­ção que ele aju­dou a ele­ger."

Em 2010, Mar­cio La­cer­da lan­çou a se­gun­da ver­são, a sín­te­se de ou­tro do­cu­men­to, ago­ra prag­má­ti­co: o "Pla­no Es­tra­té­gi­co de BH 2030", in­ti­tu­la­do "A Ci­da­de que Que­re­mos". Em sua men­sa­gem, ele não des­viou um cen­tí­me­tro de seu so­nho e fa­las ini­ciais. Re­no­vou o en­fren­ta­men­to: "Um dos maio­res de­sa­fios dos go­ver­nos de­mo­crá­ti­cos da atua­li­da­de, es­pe­cial­men­te nas gran­des ci­da­des, é a com­pa­ti­bi­li­za­ção de cin­co va­riá­veis que se en­tre­la­çam: a am­plia­ção do diá­lo­go per­ma­nen­te com a so­cie­da­de e seus re­pre­sen­tan­tes. O aten­di­men­to das de­man­das do dia a dia. As li­mi­ta­ções or­ça­men­tá­rias. Os im­pac­tos am­bien­tais. E ou­tros de­sa­fios de lon­go pra­zo que exi­gem gran­de ca­pa­ci­da­de de pla­ne­ja­men­to, pa­ra além dos pra­zos de­fi­ni­dos pe­lo man­da­to ele­ti­vo".

His­to­riou o ta­ma­nho da rea­li­da­de: "Nos­sa Be­lo Ho­ri­zon­te, pla­ne­ja­da pa­ra ter ape­nas 200 mil ha­bi­tan­tes, no fi­nal do sé­cu­lo 19, pa­ga até ho­je um al­to pre­ço por es­co­lhas fei­tas ao lon­go do tem­po. E che­ga ao iní­cio do sé­cu­lo 21 com quase dois mi­lhões e meio de pessoas, ro­dea­da por uma re­gião me­tro­po­li­ta­na que já atin­ge mais de cin­co mi­lhões de habitantes, com uma de­man­da ur­ba­na e so­cial cres­cen­te e com­ple­xa".

Não pou­pou crí­ti­cas: "O pla­ne­ja­men­to ini­cial foi to­tal­men­te atro­pe­la­do em pou­co mais de um sé­cu­lo de exis­tên­cia de nos­sa ci­da­de, es­pe­cial­men­te nas dé­ca­das de 1970 e 1980, quan­do hou­ve uma ex­plo­são po­pu­la­cio­nal, ge­ran­do um con­jun­to de ca­rên­cias e de­man­das ur­ba­nas e so­ciais. A evo­lu­ção nas dé­ca­das de 1960 a 1980 exem­pli­fi­ca is­so. Nos anos 60, Be­lo Ho­ri­zon­te ti­nha uma po­pu­la­ção de 693 mil pes­soas. Vin­te anos de­pois, mes­mo aben­çoa­dos pe­la qua­li­da­de de sua gen­te, sua his­tó­ria e tra­di­ções, já éra­mos um mi­lhão e se­te­cen­tas mil pes­soas vi­ven­do na ci­da­de", lem­brou La­cer­da.

Es­pe­ran­ça pro­gra­ma­da - Em res­pos­ta aos crí­ti­cos, o pre­fei­to-em­pre­sá­rio - já co­ta­do e dis­pu­ta­do po­li­ti­ca­men­te pa­ra se can­di­da­tar às elei­ções do ano que vem -, diz que não abre mão de suas con­vic­ções. Afir­ma que seu pro­gra­ma de go­ver­no em cur­so não é pe­ça de fic­ção elei­to­ral. Or­ga­ni­za­do em 12 áreas te­má­ti­cas e 176 pro­pos­tas dis­cu­ti­das com a po­pu­la­ção (por meio do Or­ça­men­to Par­ti­ci­pa­ti­vo, de­ba­tes na Câ­ma­ra, re­des so­ciais, etc.), ele res­sal­ta que seu pla­no es­tra­té­gi­co pos­si­bi­li­tou à pre­fei­tu­ra dar maior efi­cá­cia à ges­tão pú­bli­ca. Ou se­ja, co­mo se a ci­da­de fos­se uma em­pre­sa: es­ta­be­le­ceu me­tas e re­sul­ta­dos, ten­do co­mo nor­te a bus­ca da tão des­gas­ta­da (mas ain­da pos­sí­vel, é o que nos res­ta acre­di­tar e tor­cer) jus­ti­ça so­cial e a me­lho­ria dos ser­vi­ços pres­ta­dos aos ci­da­dãos.

É ele quem afir­ma tex­tual­men­te is­so, as­si­nan­do seu no­me no pre­fá­cio do pla­no, co­mo uma ino­va­ção na ar­te de fa­zer po­lí­ti­ca: "To­dos os 40 pro­je­tos sus­ten­ta­do­res des­te pla­ne­ja­men­to po­dem ser acom­pa­nha­dos pe­la po­pu­la­ção por meio da in­ter­net, o que ga­ran­te mais trans­pa­rên­cia à ges­tão dos re­cur­sos pú­bli­cos".

É ele tam­bém quem ga­ran­te à po­pu­la­ção e seus re­pre­sen­tan­tes po­lí­ti­cos, so­ciais e ins­ti­tu­cio­nais: "Até 2030, Be­lo Ho­ri­zon­te ain­da po­de ser uma ci­da­de de opor­tu­ni­da­des, sus­ten­tá­vel e com qua­li­da­de de vi­da. Ela me­re­ce".

Co­mo is­so, de fa­to, po­de acon­te­cer? O pla­ne­ja­men­to que La­cer­da car­re­ga no com­pu­ta­dor, na men­te, no co­ra­ção, no seu des­ti­no po­lí­ti­co e es­tá dis­po­ni­bi­li­za­do pu­bli­ca­men­te na in­ter­net con­sis­te em res­pon­der às cin­co em­ble­má­ti­cas ques­tões: On­de es­ta­mos e aon­de po­de­re­mos che­gar? Aon­de que­re­mos che­gar? Co­mo che­ga­re­mos lá? Por on­de co­me­çar?

PLANO DEMOCRÁTICO

O pro­ces­so de cons­tru­ção des­te pla­no foi de­sen­vol­vi­do em duas fa­ses ao lon­go de 2009 e 2010. Pri­mei­ra­men­te uma pes­qui­sa qua­li­ta­ti­va en­vol­veu ato­res in­ter­nos e ex­ter­nos à pre­fei­tu­ra. Além do pre­fei­to, fo­ram en­tre­vis­ta­dos se­cre­tá­rios mu­ni­ci­pais e es­ta­duais, em­pre­sá­rios, aca­dê­mi­cos, re­pre­sen­tan­tes de en­ti­da­des de clas­se e es­pe­cia­lis­tas com no­tó­rio sa­ber so­bre Be­lo Ho­ri­zon­te. Ao dis­po­ni­bi­li­zar o tex­to em seu si­te, a pre­fei­tu­ra abriu a con­sul­ta pú­bli­ca. Con­vi­dou in­dis­tin­ta­men­te a po­pu­la­ção pa­ra des­cre­ver co­mo que­ria e se­ria a sua Be­lo Ho­ri­zon­te, sus­ten­tá­vel ou não, em 2030. Es­sa vi­são com­par­ti­lha­da de fu­tu­ro veio na for­ma de 2.300 su­ges­tões, in­cor­po­ra­das no pla­ne­ja­men­to ma­cro.

O re­sul­ta­do des­ta eta­pa for­ne­ceu va­lio­sas con­tri­bui­ções pa­ra a re­fle­xão es­tra­té­gi­ca. Per­mi­tiu a iden­ti­fi­ca­ção de te­mas crí­ti­cos pa­ra o fu­tu­ro da ca­pi­tal dos mi­nei­ros.

AS QUATRO BEAGÁS DO FUTURO

Conheça quais são os horizontes possíveis que a população da capital mineira poderá ver construídos até 2030. Confira na Revista ECOLÓGICO, cartas sobre quatro diferentes BHs.


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