A EMPRESA SEM PAPEL

Não é só questão de ambiente sustentável. Mas de processos essenciais e responsáveis
Roberto Francisco Souza (*)

Edição 36 - Publicado em: 30/11/-0001

Vinte anos atrás conduzi uma campanha publicitária com spots de rádio que provocavam o ouvinte: “Os computadores vão comer os lucros da sua empresa ou do seu concorrente. A escolha é sua”.
Como sapos que morrem tranquilos em água lentamente aquecida, muitos viram a profecia se cumprir. As tais máquinas ocuparam espaços impensáveis, de pequenas biroscas até bancos sem agência, criaram e destruíram mercados e muitos de nós estivemos de um lado ou de outro, ganhando ou perdendo nossas margens.
Estamos sentados à beira de um caminho, vendo o mundo se transformar e esperando o momento de nos levantarmos com nossas empresas e voltarmos para os negócios. E que transformação! Tanta que não sabemos dizer se há um fim para esta rodovia de mudanças.
Empresários me procuram e dizem que avançaram muito, mas que, por dentro, pão bolorento, suas empresas ainda se afogam em papel, sem que os clientes, porta afora, percebam vestígio dele. É cada vez gastar mais e consumir mais esforço para manter o mesmo nível de serviço na ponta e terminar por ver um concorrente surgir e crescer debaixo de seus narizes.
Falta-lhes perceber o óbvio: não estão afogados em relatórios, e-mails impressos... O que os angustia são processos que não são essenciais, sendo os papéis sua face mais perceptível e aterrorizante.
E o que são processos essenciais? Sem definições acadêmicas: procure o cliente na ponta do processo ou muito próximo dela. Se ele não estiver lá, então o tal processo é candidatíssimo a ser descartado, tornando sua empresa mais leve, mais focada, com mais resultados e, frequentemente, com mais qualidade de vida.
O leitor ambientalista pode agora dormir em paz e comemorar? Digo que não, porque o papel de que falo não é só papel feito de celulose, mas também papel eletrônico, feito de bites. Ele existe na forma de e-mails, imagens e projetos “para”, “em cópia” e “cópia oculta” e, convenhamos, é muita cópia e bites são ariscos para se perseguir e rasgar!
É aí que a empresa essencial tem tudo a ver com inovação, porque o que fazemos de verdade é descobrir ou inventar meios novos e mais simples de se cumprir a missão das organizações, e porque a maneira mais fácil de se resolver um problema é não tê-lo. Parece óbvio, mas boa parte da tecnologia da informação nas organizações resolve problemas que nem precisavam existir, e isso é jogar dinheiro fora.
Ainda me lembro daquela campanha de rádio e de alguns de nossos concorrentes que nos deliciaram, ligando para nossos gerentes com xingamentos e desespero, diante de clientes que queriam pensar mais antes de fechar contratos. Num mundo de tablets, de gente conectada "todotempo", eu ainda continuo a dizer que os computadores vão comer os lucros da sua empresa ou do seu concorrente. E que o papel, eletrônico ou não, ainda pode te matar afogado. Tanto num caso quanto noutro, a escolha é sua.

TECH NOTES

> O papel eletrônico é possível e vai mudar as mídias. Veja em http://goo.gl/llG7a
> Você sabe o que é um ultrabook? Descubra em http://goo.gl/tjGdZ
> E aí? Holografia é prá valer? Tire a prova em http://goo.gl/n6EbC


(*) Diretor-geral da Plansis, vice-presidente de Sustentabilidade da SUCESU-MG e presidente do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) - Transformando Vidas através da Tecnologia.


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