As flores que curam

Neste ano, o Calendário Lunar 2024 da Revista Ecológico vem fazendo fazer o bem não apenas para a mente e para a alma, mas também para a cura do corpo dos seus leitores. A série “Flores Medicinais” traz exemplares dessas flores sagradas, como a Calêndula, Hortelã e Cipó de São João. Mês a mês, os leitores vem conhecendo também suas propriedades curativas. As fotos, maravilhosas, foram clicadas pelo fotógrafo da natureza Marcos Guião, que também assina a coluna Natureza Medicinal, uma das mais lidas da Revista Ecológico.

QUEM É ELE?

“Vivo da raiz, mas não sou raizeiro porque tenho instrução. Fico me perguntando o que sou. Sou uma aberração”, brinca o jornalista fotográfico Marcos Guião, estudioso das plantas por vocação. Ele também conta causos em sua coluna “Natureza Medicinal”, uma das mais lidas da Revista Ecológico. Com linguajar característico, Guião compartilha conhecimentos dos sinhozinhos e doninhas da roça, com quem conviveu nessas Minas Gerais.

Foram 30 anos de andanças por vilarejos, povoados e distritos do interior, onde dava aulas de plantas medicinais pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), parte do Sistema S. “Adoro dar aulas. Tem uma frase do Guimarães Rosa que diz algo parecido com ‘ensinar é quando, de repente, você aprende’”, afirma. Ele ensina que, a partir do momento em que você desenvolve esse olhar amoroso para as plantas, despido da arrogância dos homens, fica impossível não ter respeito e carinho pela natureza. “A natureza é a expressão máxima de Deus. Tomar um chá é estar afinado com a criação, com a consciência do Criador”, conclui.

Tudo começou quando apos atuar nos principais veículos de mídia em São Paulo, como repórter fotográfico, Guião recebeu a tarefa de fazer um Guia Rural. Ficou encantado e nunca mais largou do ofício. “Gostei daquele negócio de viajar para lugares pequenos, de conversar com pessoas simples. É bão pra danar!”, elogia.

Desiludido do jornalismo, ele voltou para Belo Horizonte com a ideia de atuar na área da saúde, em busca de ajudar pessoas diretamente. Chegou a cursar Enfermaria, mas não concluiu. Encontrou-se na pós-graduação em Plantas Medicinais, em Lavras. Depois de viajar muito, em vários sentidos, Guião aquietou-se. Hoje é dono de uma ervanaria onde mora, em São Gonçalo do Rio das Pedras, comunidade de menos de mil habitantes perto de Milho Verde, distrito de Diamantina.

“Posso observar mais de perto a natureza. Entender quando uma planta floresce, o lugar onde ela gosta de ficar ou por que ela não frutificou. As plantas têm necessidades como qualquer outro indivíduo”, revela.

A prosa esta boa, mas é preciso partir. Marcos Guião se despede convidando para vir tomar um chá com gente, nos conhecer pessoalmente e até mais ver. E fez uma prece: “Fica com Deus”.

Verdade ou fake news? Chá de folha de mamão ajuda a curar dengue

“É fake news ou é verdade que o chá da folha de mamão ajuda a curar a dengue?” A conversa com Marcos Guião, que assina a coluna Natureza Medicinal, uma das mais lidas da revista Ecológico, começou assim, de forma despretensiosa, mas , como todas as coisas simples, gerou um conhecimento que pode ajudar a muitas pessoas no pico da epidemia da dengue no Brasil.

“É tão bobo que é até difícil de acreditar, mas é verdade SIM!”, ensina o jornalista de formação e estudioso das plantas por vocação. Segundo ele, o chá de folha de mamão levanta a pessoa da cama, melhora as dores no corpo e combate a destruição das hemácias no sangue (princiVerdade ou fake news? Chá de folha de mamão ajuda a curar dengue pal causa da morte por dengue).

Guião explica que a eficácia do chá da folha de mamão, principalmente se estiver misturado com folha de manga, é comprovada em estudos na Malásia, país com maior prevalência dos casos de dengue. “Já tive resultados impressionantes, mas é preciso ‘tomar de balde’, dois a três litros por dia”, diz.

Dono de uma ervanaria onde mora, em São Gonçalo do Rio das Pedras, localidade perto de Milho Verde, ele explica o jeito certo de preparar o remédio da natureza. “Nas histórias que vou ouvindo pelo sertão a fora eles dizem que o mamão tem uma folha digitada, ou seja, que tem vários dedos. Você então pega três ou cinco ‘dedos’ da folha, pica, ferve uma água, desliga o fogo e joga em cima”, diz.

Mas por que seriam três ou cinco folhas? “A medicina popular usa sempre números ímpares – três folhas, cinco sementes etc. - não sei explicar o motivo, só escuto e obedeço”, completa.

Ele lembra que a infusão é feita com as partes macias da planta – caule, flor e partes do fruto. Só precisa ferver e fazer um chá se forem usadas as partes mais duras da planta, como sementes, raízes e cascas. “É que precisa cozinhar, pois leva mais tempo para tirar o que está lá dentro. É óbvio, a gente é que não costuma pensar”, conclui.